Governo japonês realiza megaoperação de resgate e ajuda humanitária; mortos podem passar de 1.700

 

 

 

 

 

Sáb, 12 Mar, 11h54

 

TÓQUIO - Um dia após o terremoto seguido de tsunami que devastou a costa leste do Japão, e em meio a uma sucessão de fortes réplicas do tremor, o governo lançou uma megaoperação de resgate e ajuda humanitária nas áreas mais afetadas, onde o número de mortos já passa de 600. Segundo a agência de notícias Kyodo News, a estimativa é de que o número de vítimas da tragédia pode chegar a 1.700, muitas delas afogadas.

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Cerca de 200 a 300 corpos já foram encontrados nos rios que cortam Sendai, a cidade costeira mais próxima do epicentro, e outros 200 corpos foram transferidos para ginásios nas cidades de Iwanuma e Natori, na província de Miyagi. Segundo a rede de televisão japonesa NHK, 10 mil pessoas estão desaparecidas na cidade de Minamisanriku, também na província de Miyagi, no nordeste do Japão. Isto representa mais da metade da população local, calculada em 17 mil pessoas. A cidade foi muito atingida pela tsunami e ficou coberta de lama. A catástrofe deixou ainda cerca de 948 feridos.

 

Todos os recursos disponíveis do Exército do Japão se mobilizaram para auxiliar nos trabalhos de resgate, especialmente nas províncias de Miyagi, Iwate e Fukushima, as mais atingidas. No entanto, as equipes de resgate têm dificuldade de chegar às zonas mais afetadas, onde o alerta de tsunami ainda está em vigor.

 

O premier Naoto Kan participou de reuniões de emergência na manhã deste sábado (horário local) e seguiu para as áreas do desastre - incluindo duas usinas nucleares que estão em estado de alerta por risco de vazamento de material radioativo.

 

- Nosso governo fará todos os esforços possíveis para assegurar a integridade e segurança das pessoas e também minimizar os estragos causados pelo terremoto - disse o premier à imprensa.

 

O alcance exato dos danos ainda é desconhecido. Balanços iniciais indicam que mais de 5 milhões de casas estão sem energia elétrica e ao menos 1.800 foram destruídas somente na região de Fukushima. Estima-se que 90% das casas na costa japonesa foram destruídas. Mais de 300 mil pessoas já foram evacuadas de suas casas. O número de prédios destruídos completa ou parcialmente subiu para 3.400.

 

 

 

 

 

 

Quatro trens na área costeira entre as regiões de Miyagi e Iwate permaneciam desaparecidos, informaram as ferrovias japonesas. Não se sabe quantos passageiros estavam nos vagões.

 

Japão em estado de emergência nuclea
Além das mortes e estragos, o tremor de magnitude 8,9 seguido de tsunami causou ainda um vazamento de material radioativo na usina de Fukushima Daiichi Nº1, que obrigou o governo a declarar estado de emergência e ordenar a retirada de ao menos 45 mil moradores num raio de 10 km em torno do complexo nuclear. Na manhã deste sábado, uma explosão na usina Fukushima 1 aumentou as preocupações. O porta-voz do governo japonês não soube informar as causas da explosão, mas afirmou que não o reator não foi atingido. Kan declarou ainda estado de emergência em outra usina, Fukushima Nº 2, e ordenou a retirada de moradores num raio de 3 Km da instalação.

 

Segundo o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, o vazamento foi de "quantidades mínimas de radiação", que não representam risco para a saúde. Mas autoridades nucleares do país ouvidas pela agência de notícias Jiji afirmaram que há alta possibilidade de uma fusão do núcleo do reator número 1 da usina Daiichi, em Fukushima.

 

No total, cinco reatores nas duas usinas já foram desligados e permanecem em situação emergencial. As duas usinas ficam a cerca de 250 km ao norte de Tóquio.

 

Este é o maior tremor já registrado na história do país, que mantém dados sobre sismos há 140 anos.

 

De acordo com o embaixador do Brasil no Japão, Marcos Galvão, não há registro de brasileiros mortos ou feridos na tragédia. Segundo ele, há 254 mil brasileiros no país, a maioria em Tóquio.

Acidente nuclear no Japão é de risco baixo para a saúde, diz OMS

 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou neste sábado (12) que o risco para a saúde pública do vazamento de radiação no Japão parece ser "muito baixo", mas a rede de peritos médicos da OMS estava pronta para ajudar se for solicitado.

"Neste momento parece que o risco para a saúde pública é provavelmente muito baixo. Entendemos que a radiação que escapou da planta é muito pequena em quantidade," segundo o porta-voz da Organização Mundial da Saúde, Gregory Hartl, disse à Reuters.

O acidente nuclear ocorrido neste sábado (12) no nordeste do Japão, foi avaliado no nível 4, numa escala que vai até 7, anunciou a Agência Japonesa de Segurança Nuclear e Industrial.

Para se ter uma ideia, em 1979, o acidente em Three Mile Island, nos Estados Unidos, ficou no nível 5 e o de Chernobyl, em 1986, no grau 7.

A classificação 4 qualifica acidentes que não acarretam riscos muito significativos fora do local, segundo documentos da Agência internacional de Energia Atômica (AIEA). O termo anomalia é utilizado para o nível 1 e, incidente, para os níveis 2 e 3. O nível 4 é o pior até o momento no Japão, precisou um dirigente da agência.

O reator número 1 da central de Fukushima, situado a 250 km ao norte de Tóquio, teve uma série de problemas (falha no sistema de resfriamento, aumento de pressão), forçando as autoridades a abrir suas válvulas para liberar o excesso de vapor.

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Desastre sem precedentes

As dimensões da destruição causada pelo terremoto de magnitude 8,8 começam a ser percebidas com a passagem das horas e já são pelo menos 1.700 entre mortos e desaparecidos e mais de 300 mil desabrigados e desalojados.

Neste sábado, o governo japonês decidiu mobilizar 50 mil militares para participar dos trabalhos de resgate em uma ampla faixa de sua costa oriental, abalada pelo forte terremoto e pelo devastador tsunami de sexta-feira, que arrastou tudo em sua passagem.

O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, qualificou o incidente como um desastre "sem precedentes" no país e reconheceu que o tsunami posterior foi muito pior que o esperado, com ondas de até dez metros de altura.

Imagens aéreas após terremoto e tsunami no Japão

 
 
 
 
Foto 29 de 33 - 12.mar.2011 Barcos jogam água para tentar conter as chamas em tanques de uma refinaria de petróleo em Ichihara, na província de Chiba Mais Kyodo News/AP

Cerca de 9.500 pessoas, mais da metade da população de Minami Sanriku, na província de Miyagi, ainda estão desaparecidas um dia depois da passagem do tsunami. Miyagi, Iwate e Fukushima foram as províncias mais afetadas pelo terremoto e pelo tsunami.

O último cálculo oficial revela 620 mortos e 650 desaparecidos, mas a imprensa japonesa fala em até 1.700 vítimas confirmadas e o número pode aumentar.

Em cinco províncias do litoral oriental do arquipélago japonês, mais de 300 mil pessoas foram evacuadas, enquanto se calcula que 3.400 edifícios ficaram destruídos e 5,5 milhões de japoneses ficaram sem eletricidade.
 

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Na província de Iwate, algumas cidades, como a litorânea Rikuzen Takada, de 24.709 habitantes, praticamente desapareceram.

Novo tremor

Às 22h15 no horário local (10h15 de Brasília) foi registrado um novo terremoto de magnitude seis no litoral de Fukushima, cujo epicentro se situou a 40 km de profundidade e que, mais uma vez, pôde ser sentido com bastante força em Tóquio.

O Parlamento não retomará suas atividades na segunda-feira, enquanto os três principais fabricantes de automóveis japoneses, entre eles o líder mundial Toyota, decidiram paralisar a produção em todas as suas fábricas no Japão.
 

Além disso, no domingo não será disputada a Maratona Internacional Feminina de Nagoya (centro do Japão), enquanto a Liga Japonesa de Futebol foi suspensa no fim de semana, da mesma forma que as competições de beisebol.

Ajuda

O Japão pediu à Rússia para aumentar a oferta de energia após o dano em central nuclear do país, as agências russas informaram citando o vice-primeiro-ministro Igor Sechin.

Sechin disse que a Rússia pode aumentar a oferta de gás natural liquefeito em cerca de 150 mil toneladas, enquanto a Mechel e a SUEK vão na próxima semana analisar a possibilidade de aumento de fornecimento de carvão em 3 a 4 milhões de toneladas.

*Com agências

 

 

 

 

Fonte. UOL